Irã responde a recado secreto dos EUA e adverte que programa nuclear será fortalecido
14/01/2012 02:26
13/1/2012 13:02
Na intrincada linguagem da diplomacia norte-americana com os iranianos, após vazada para o diário de maior circulação nos EUA, o New York Times, nesta sexta-feira, a ameaça de um ataque direto dos EUA ao Irã, caso este resolva bloquear o Estreito de Ormuz, o Aiatolá Mohammad Emami-Kashani, um dos clérigos mais influentes daquela república islâmica, respondeu nas entrelinhas. Em seu primeiro sermão do dia, alvorecer em Teerã, após a leitura dos jornais, Kashani mandou um recado cifrado aos “inimigos do Islã e da ideologia islâmica”, capazes de fazer “qualquer coisa para impedir o desenvolvimento da República Islâmica do Irã”.
Um dos clérigos mais influentes do Irã, o Aiatolá Kashani, responde aos EUA
Kashani, que lidera a Assembleia Nacional, uma forma de conselho supremo da nação, falando a uma multidão no campus da Universidade de Teerã, durante as orações desta sexta-feira, dia sagrado para os muçulmanos, alertou que “os inimigos do Irã têm-se voltado contra os países muçulmanos porque perceberam que a ideia de uma campanha (mundial) contra a injustiça se espalha por todas as comunidades islâmicas”, em clara referência aos movimentos de libertação no mundo árabe, a começar pelo Egito. O líder iraniano, no entanto, fez questão de frisar que os iranianos “já iniciaram um movimento de confronto à injustiça” e por isso o país tem sofrido uma série de ataques à sua estabilidade política e econômica, com o agravamento do embargo comercial liderado por países do Ocidente.
O assassinato do engenheiro nuclear Mostafa Ahmadi Roshan, pela explosão de uma bomba presa ao carro em que trafegava por Teerã, na terça-feira, também foi um ponto de destaque no discurso de Kashani.
– (O crime) está em linha com a política dos inimigos para confrontar a República Islâmica do Irã. O martírio deste cientista mostrou que os inimigos do Irã não estão satisfeitos com o progresso científico e a independência do país, com sua política baseada na oposição ao progresso científico do Irã – afirmou, referindo-se à tentativa de paralisação do programa nuclear. Os objetivos do avanço iraniano no campo das pesquisas com energia nuclear é pacífico, segundo afirma o governo, mas Israel e os EUA têm frequentemente advertido para o possível desenvolvimento da bomba nuclear como parte destes estudos. (...)